Definições de Cultura
Esse é um texto com definições de cultura diversas. As primeiras definições apresentadas são todas de homens brancos dos países do norte. As outras são de mulheres, nem todas brancas e alguns autores pretos. Faltaram aqui perspectivas sobre o que é cultura de autores indígenas e indigenistas de todos os cantos do globo, assim como várias outras etnias e perspectivas diferentes. Este texto, portanto, serve apenas para mostrar como o tema cultura é complexo e dificilmente será defindo de forma singular.
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Edward Tylor (1832-1917):
- Definição: Tylor é conhecido por uma das primeiras definições modernas de cultura. Ele a descreveu como "todo aquele complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade".
- Perspectiva Crítica: A definição de Tylor, embora fundamental, pode ser vista como uma descrição positivista, pois se concentra em características observáveis da cultura. No entanto, podemos reinterpretá-la para enfatizar as dimensões ocultas da cultura, como estruturas de poder e ideologias que precisam ser desvendadas para a emancipação.
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Clifford Geertz (1926-2006):
- Definição: Geertz adotou uma abordagem mais interpretativa, definindo a cultura como "um sistema de significados transmitidos historicamente, incorporados em símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas".
- Perspectiva Crítica: A ênfase de Geertz na interpretação cultural pode ser vista como uma forma de desconstrução das estruturas culturais para revelar as relações de poder subjacentes, tornando-se relevante para a emancipação.
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Pierre Bourdieu (1930-2002):
- Definição: Bourdieu concebeu a cultura como um campo de luta simbólica, onde os agentes competem pelo capital cultural, que inclui conhecimento, linguagem e habilidades culturais.
- Perspectiva Crítica: Bourdieu oferece uma visão crítica da cultura ao destacar como as hierarquias culturais podem perpetuar desigualdades. Sua abordagem ressoa com a nossa busca pela emancipação dos sistemas sociais.
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Michel Foucault (1926-1984):
- Definição: Foucault focou na relação entre cultura e poder. Ele argumentou que o conhecimento e a cultura são usados para exercer controle social e criar normas.
- Perspectiva Crítica: Foucault é crucial para sua abordagem emancipatória, pois mostra como as estruturas de poder são incorporadas na cultura, incentivando a análise crítica e a transformação.
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Cultura como Prática Social (Richard Hoggart, Raymond Williams, Stuart Hall):
- Definição: Esses pensadores da Escola de Birmingham enfatizaram a cultura como prática social, destacando como ela é moldada pelas condições sociais e econômicas. Eles a viram como um conjunto de significados compartilhados que refletem as experiências das classes sociais e grupos culturais.
- Perspectiva Crítica: Essa abordagem enfatiza a relação entre cultura e estruturas sociais, tornando-a relevante para a análise crítica das desigualdades e para a busca pela emancipação.
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Cultura como Discurso (James Clifford e George Marcus):
- Definição: Essa perspectiva vê a cultura como um discurso, uma forma de expressão que molda a compreensão do mundo e influencia as práticas sociais. Os discursos culturais são vistos como locais de contestação e negociação de significados.
- Perspectiva Crítica: Abordar a cultura como discurso enfatiza a importância das narrativas e das vozes marginais na resistência e na transformação cultural, alinhando-se com a emancipação.
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Cultura como Identidade (Stuart Hall):
- Definição: Stuart Hall contribuiu com a ideia de que a cultura está intrinsecamente ligada à construção da identidade. Ele explorou como a cultura é usada na formação de identidades individuais e coletivas, especialmente em contextos pós-coloniais.
- Perspectiva Crítica: Esta abordagem enfatiza como a cultura pode ser um terreno fértil para a emancipação, à medida que grupos marginalizados reivindicam suas identidades culturais e desafiam narrativas hegemônicas.
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Cultura como Performance (Judith Butler):
- Definição: Judith Butler trouxe a ideia de que a cultura é uma forma de performance, onde as normas de gênero e identidade são construídas. Ela argumenta que a cultura é um ato repetitivo que sustenta identidades sociais.
- Perspectiva Crítica: A abordagem de Butler revela como a cultura pode ser uma ferramenta para a resistência e a subversão das normas de poder, conectando-se com a busca pela emancipação.
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Gayatri Chakravorty Spivak:
- Definição: Spivak é conhecida por seu trabalho sobre pós-colonialismo e teoria crítica. Ela argumenta que a cultura é muitas vezes usada como uma ferramenta de poder para subalternos. Para Spivak, a cultura é um campo onde a opressão e a emancipação se desenrolam.
- Perspectiva Crítica: Sua abordagem crítica destaca como a cultura pode ser instrumentalizada para a emancipação de grupos marginalizados e oprimidos.
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Bell Hooks:
- Definição: Bell Hooks enfoca a cultura como um espaço de resistência e transformação. Ela argumenta que a cultura popular tem um papel significativo na formação de identidades e que pode ser usada como uma ferramenta de empoderamento.
- Perspectiva Crítica: A visão de Hooks destaca a importância da cultura como uma forma de resistência contra estruturas opressivas e seu potencial para a emancipação.
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Audre Lorde:
- Definição: Audre Lorde aborda a cultura sob a perspectiva da interseccionalidade, destacando como as identidades culturais e as lutas estão entrelaçadas. Ela vê a cultura como uma fonte de força para as comunidades marginalizadas.
- Perspectiva Crítica: A abordagem de Lorde ressalta como a cultura pode ser usada para promover a solidariedade e a transformação social, particularmente para pessoas de diferentes origens.
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Gloria Anzaldúa:
- Definição: Anzaldúa explorou a cultura a partir de uma perspectiva chicana e queer. Ela enfatiza a "mestiçagem" cultural e a hibridez de identidades como fonte de resistência e criatividade.
- Perspectiva Crítica: Sua abordagem ressoa com a ideia de que a cultura pode ser um espaço de desafio às normas e estruturas sociais dominantes.
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Zora Neale Hurston:
- Definição: Zora Neale Hurston, uma renomada escritora e antropóloga, via a cultura como algo vivo e em constante evolução. Ela acreditava que a cultura era enraizada nas experiências e nas histórias das pessoas.
- Perspectiva Crítica: A abordagem de Hurston enfatiza a importância de dar voz às comunidades e reconhecer a vitalidade cultural que reside em suas tradições e narrativas. -
James Baldwin:
- Definição: James Baldwin explorou a cultura sob a lente da experiência negra nos Estados Unidos. Ele argumentou que a cultura negra era uma resposta à opressão, uma expressão de resiliência e uma busca pela autenticidade.
- Perspectiva Crítica: A visão de Baldwin destaca a cultura como um ato de resistência e uma ferramenta para desafiar estereótipos e construir identidades autênticas.
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Toni Morrison:
- Definição: Toni Morrison, uma proeminente autora e editora, concebia a cultura como uma expressão de memória e narrativa. Ela explorou como as histórias compartilhadas moldam a compreensão coletiva da identidade e da história.
- Perspectiva Crítica: A abordagem de Morrison destaca como a cultura é forjada pelas histórias que contamos sobre nós mesmos e os outros, e como essas narrativas podem ser poderosas formas de construir ou desafiar normas culturais.
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Frantz Fanon:
- Definição: Frantz Fanon, um psiquiatra e teórico da descolonização, viu a cultura como uma arena em que as identidades colonizadas poderiam ser reconstruídas e afirmadas. Ele argumentou que a cultura desempenhava um papel fundamental na luta pela libertação nacional.
- Perspectiva Crítica: Fanon enfatizou a importância de romper com a cultura colonial e a construção de uma cultura própria como parte da luta anticolonial.
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Angela Davis:
- Definição: Angela Davis abordou a cultura como intrinsecamente ligada à luta pela justiça social e à resistência ao racismo e à opressão. Ela argumentou que a cultura desempenhava um papel crucial na construção de movimentos de liberdade.
- Perspectiva Crítica: Davis destacou como a cultura poderia ser uma ferramenta de mobilização política e um meio para desafiar o status quo opressivo.