2.1 Um percurso didático para afetar a cultura

Quando se trata de afetar intencionalmente a cultura de uma organização, é importante reconhecer que a cultura não é algo facilmente moldável. É um fenômeno complexo e multifacetado, que requer diferentes tipos de conhecimento, abordagens variadas e consideração cuidadosa. Neste artigo, apresentaremos um percurso didático em dez etapas para ajudar agentes de mudança a compreender e utilizar ferramentas para afetar a cultura de forma intencional. No entanto, é fundamental destacar que esse processo não é linear e pode demandar adaptações conforme evolui.

O Percurso Didático

O percurso didático aqui apresentado é uma tentativa de oferecer uma estrutura acessível para aqueles que buscam transformar a cultura em seu ambiente de atuação. Embora seja descrito de forma sequencial, ele deve ser entendido como um guia flexível, sujeito a ajustes de acordo com a complexidade da situação. De forma alguma as pessoas leitoras devem entender que nós seguimos esse passo a passo de forma linear. A função do percurso é oferecer uma perspectiva acessível sobre como utilizar todas as ferramentas que apresentamos neste livro.

1. Exemplo e Contexto

Comece pensando em um exemplo real que gere tensão e defina o contexto no qual deseja intervir. Essa etapa permite ancorar a transformação em uma experiência concreta.

2. Tensão Simples e Abstrata

Desenvolva uma tensão simples e abstrata a partir do exemplo escolhido. Essa tensão servirá como um ponto de partida para o processo de transformação cultural.

3. Descrever a Tensão

Nesta etapa, aprofunde a descrição da tensão utilizando o processo para descrever a tensão.
Conte uma história real que a ilustre, idealize como gostaria que fosse diferente e identifique percepções e desejos relacionados à tensão.

4. Avaliar a Qualidade da Tensão

Avalie a qualidade da tensão descrita, verificando se ela atende aos Critérios para definir Tensões Criativas. Se necessário, revise a descrição da tensão até que os critérios sejam satisfeitos.

5. Forças Narrativas que Sustentam a Tensão

Analise as 2.2.6 Forças Narrativas Organizacionais que sustentam a tensão. Identifique artefatos, eventos, pressupostos, ganhos ocultos, contrapontos e rotas de fuga relacionados à tensão.

Observação: Compreender as forças narrativas ajuda a entender melhor a estrutura e as dinâmicas subjacentes à cultura e ajuda agentes de mudança a terem mais chances de rodar seus experimentos.

6. Ideação de Artefatos

Comece a gerar ideias de 2.3 Artefatos Culturais que podem resolver ou dissolver a tensão. Concentre-se mais na quantidade do que na qualidade das ideias nesta fase.

7. Design de Experimentos

Utilize o Canvas de Experimento criar descrições detalhadas dos experimentos. Defina próximos passos, hipóteses, evidências a serem coletadas (indicadores quantitativos e qualitativos) e verifique se o experimento atende o checklist dos experimentos.

8. Vender o Experimento

Para avançar com o experimento, é necessário convencer outras pessoas, como stakeholders ou patrocinadores e as pessoas que serão afetadas pela intervenção. Explore estratagemas e hacks para aumentar as chances de vender o experimento.

Observação: A venda do experimento é um momento crítico e pode envolver negociações complexas.

9. Rodar o Experimento

Implemente o experimento e monitore o progresso. Colete evidências, como previamente estabelecido, para determinar se as hipóteses do experimento são validadas.

Observação: Nem todos os experimentos serão bem-sucedidos, e é importante estar preparado para ajustes ou até mesmo para começar novamente.

10. Coletar Evidências e Aprendizados

Reúna todas as evidências e aprendizados obtidos com a execução do experimento. Com base nesses resultados, decida se é necessário revisar a tensão, analisar novas forças narrativas ou ajustar o experimento para uma disseminação mais eficaz.

Observação: A análise das evidências é fundamental para a aprendizagem contínua e para a evolução do processo de transformação cultural.