Já exploramos os artefatos culturais como elementos visíveis e tangíveis que compõem a superfície da cultura organizacional. Agora, avançaremos para o próximo nível de compreensão da cultura organizacional, adentrando a profundidade da mesma. Essa profundidade é revelada através dos valores compartilhados e dos pressupostos básicos, que estão subjacentes aos artefatos culturais visíveis.
Valores Compartilhados
Os valores compartilhados são os princípios, crenças e que são explicitamente anunciados nos discursos, documentos e símbolos oficiais. Eles podem guiar o comportamento e as decisões dos membros da organização, mas cuidado, por vezes eles dizem algo diferente do que realmente é vivido.
Questionar os valores compartilhados é essencial por várias razões:
Compreender a Identidade Organizacional: Os valores compartilhados contribuem na definição da identidade da organização. Eles respondem à pergunta: "Quem somos como organização?" Ao questionar esses valores, podemos obter uma compreensão mais profunda dessa identidade.
Detectar Discrepâncias: As crenças e valores neste nível consciente podem prever uma parte do comportamento observável no nível dos artefatos, porém se esse valores não forem baseados em aprendizado anterior, podem refletir apenas "teorias esposadas", que não estão alinhadas com o que as pessoas realmente fazem. Questionar esses valores pode revelar discrepâncias entre o discurso e a prática, ajudando a identificar áreas de melhoria.
Facilitar a Mudança: Se uma organização busca mudança cultural, questionar os valores presentes no discurso é um boa ideia, ao mesmo tempo que é ingênuo acreditar que uma simples reescrita dos valores irá promover alguma mudança na cultura. Apenas os valores que podem ser testados empiricamente e continuam funcionando de forma confiável na resolução dos problemas do grupo serão materializados em artefatos e transformados em pressupostos.
Além dos valores compartilhados, os pressupostos básicos são crenças profundamente enraizadas e muitas vezes inconscientes que moldam a cultura organizacional. Eles representam as suposições fundamentais sobre como o mundo funciona e como a organização deve operar.
Questionar os pressupostos básicos é crucial pelos seguintes motivos:
Revelar as Contradições: Eles são as crenças profundamente arraigadas que influenciam todos os aspectos do comportamento e da tomada de decisão. Ao questioná-los, podemos expor as contradições presentes.
Superar a Inércia Cultural: Muitas vezes, os pressupostos básicos podem manter a organização presa em padrões de comportamento que não são mais desejados. Ao desafiá-los, é possível superar a inércia cultural e promover a adaptação.
Facilitar a Inovação: A inovação muitas vezes requer a quebra de pressupostos estabelecidos. Ao questionar essas crenças, as organizações podem abrir espaço para novas ideias e abordagens.
Promover a Emancipação: Para designers organizacionais comprometidos com a emancipação e a superação de conflitos estruturais, questionar os pressupostos básicos é fundamental. Isso permite desafiar ideologias opressivas e criar uma cultura mais inclusiva e igualitária.
Em resumo, a cultura organizacional é muito mais do que seus artefatos visíveis. Ela é impulsionada por 2.4.2 Valores Compartilhados e pressupostos básicos que frequentemente operam no nível subconsciente. Questionar esses valores e pressupostos é um passo essencial para o desenvolvimento de uma perspectiva crítica sobre o contexto organizacional, permitindo uma compreensão mais profunda e a capacidade de influenciar positivamente a cultura organizacional em direção aos objetivos desejados.