2.2.2 Princípios da Validade e Singularidade
Um dos fatores que costumam dissuadir uma pessoa de expressar suas tensões é um pressuposto implícito presente em muitas culturas organizacionais de que uma tensão só é válida se passar por um crivo de um gestor ou de um time.
Precisamos com frequência lembrar que a princípio toda tensão que alguém levanta é válida, ou seja, ninguém pode questioná-la, pois a realidade atual percebida ou o futuro desejado por alguém sempre conterá subjetividade e será baseada numa visão parcial ou limitada. Ninguém tem acesso total e direto a realidade. Acreditar que é possível conhecer a realidade em sua totalidade é um viés cognitivo chamado “realismo ingênuo”. Falamos sobre isso no artigo “A Falácia dos Modelos”.
Dizer que uma tensão não existe porque você não a percebe costuma ser muito danoso. Pode até, em última instância, se tornar um caso de gaslighting (um tipo de abuso gerado pela negação da realidade de uma outra pessoa).
O que pode ter sua validade questionada é o caminho ou estratégia que a pessoa pretende usar para resolver sua tensão, e não se a tensão é válida.
Outro aspecto importante a ser considerado é que cada indivíduo pode sentir uma tensão um pouco diferente, pois sua percepção de mundo nunca é idêntica. Existe algo de original na tensão que uma pessoa expressa, mesmo que ela resolva abrir mão dessa singularidade. Sendo assim, temos o princípio de que toda tensão é individual, mesmo que outras pessoas afirmem sentir a mesma tensão.
Este princípio é fundamental para responsabilizar as pessoas por buscar os caminhos para resolver suas tensões ao invés de terceirizar a resolução para outrem.